01/12/2025
Microfinanças, microcrédito e governança climática na COP30: por que o desenvolvimento sustentável precisa incluir quem está à margem do sistema financeiro
Microfinanças, microcrédito e governança climática na COP30: por que o desenvolvimento sustentável precisa incluir quem está à margem do sistema financeiro
A COP30, realizada este mês em Belém-PA, é o principal evento global organizado pela ONU para discutir os efeitos das mudanças climáticas e os caminhos para enfrentá-las. Entre os pontos estratégicos debatidos ao longo dos diversos painéis, esteve o incentivo às microfinanças como mecanismo essencial para ampliar a adaptação e a resiliência em escala. Especialistas de diferentes regiões do mundo convergiram no entendimento de que instituições de microcrédito e microfinanças cumprem um papel vital na distribuição de financiamento climático, sobretudo porque atendem microempreendedores que estão entre os grupos mais vulneráveis aos eventos climáticos extremos. Isso ocorre porque essas entidades atuam onde o sistema bancário tradicional não chega: regiões remotas, desassistidas ou marcadas pela informalidade econômica.
Nesse público está o foco da Credisol, OSCIP de Microcrédito com mais de 25 anos de atuação e presença em todas as regiões brasileiras. A instituição oferece microcrédito produtivo e orientado para uma base majoritariamente informal, permitindo que microempreendedores ampliem suas atividades, qualifiquem estruturas de trabalho e aumentem sua renda. Essa atuação tem impacto direto sobre a capacidade dessas famílias de enfrentar e se adaptar aos efeitos das mudanças climáticas, fortalecendo suas condições de resiliência e autonomia econômica.
A presença institucional da Credisol na COP30 ocorreu em dois espaços distintos. No workshop do Pavilhão do Azerbaijão, sediado na Blue Zone — área credenciada da ONU reservada às delegações oficiais e organismos internacionais — a Credisol participou a convite da Associação de Microfinanças do Azerbaijão. Representaram a instituição Eduardo R. Manenti (Gerente Executivo) e Stéfano Mattei (Coordenador de ESG), levando a experiência brasileira de microcrédito produtivo orientado e discutindo seu papel na construção de resiliência econômica, ou seja, a capacidade de sustentar e ampliar empregos por meio de iniciativas produtivas, em territórios vulneráveis. Foi um momento de reconhecimento internacional da atuação da Credisol e da relevância do modelo brasileiro dentro da agenda global.
Os debates no Azerbaijão destacaram que as microfinanças começam a ocupar posição estratégica na agenda climática internacional. O economista do desenvolvimento Piotr Korynski, especialista em investimento de impacto, reforçou que instituições de microcrédito são um canal subutilizado, porém extremamente eficaz, para distribuir recursos em territórios vulneráveis. A análise evidencia a experiência brasileira: pequenos negócios são diretamente impactados por eventos extremos e dependem de estruturas de crédito simples, acessíveis e ajustadas à realidade local.
Outra reflexão presente no painel reforçou que as microfinanças vão além da redução da pobreza. Instituições de microcrédito financiam práticas sustentáveis, apoiam tecnologias acessíveis e fortalecem modos de subsistência resilientes, contribuindo para economias locais de baixo impacto ambiental.
O segundo momento de destaque da Credisol na COP30 ocorreu no estande do BNDES, na Zona Verde, espaço aberto ao público. Neste painel, participaram Eduardo Manenti, Stéfano Mattei e Pedro Ananias Alves, consultor da Credisol, que foi reconhecido pelo trabalho de expansão das operações de microcrédito no Brasil.
O encontro trouxe ao centro a importância do PNMPO (Programa Nacional de Microcrédito Produtivo e Orientado) como ferramenta de geração de emprego e renda em todas as regiões do país — incluindo a Amazônia. Para ilustrar essa realidade, foi apresentado o caso prático de uma microempreendedora do Mercado do Ver-o-Peso, cliente da Credisol, que exemplificou como o crédito produtivo orientado transforma negócios locais, sustenta famílias e estimula a economia regional. O caso despertou grande interesse do público e reforçou o impacto direto do microcrédito no desenvolvimento territorial.
A participação no estande do BNDES evidenciou a relevância da Credisol como repassadora de recursos, fortalecendo pequenos negócios, apoiando a formalização e ampliando oportunidades econômicas em comunidades marcadas pela informalidade e por desafios estruturais.
A experiência da Credisol mostra que o acesso ao crédito se traduz em inclusão produtiva, renda e fortalecimento comunitário. Ao apoiar microempreendedores em todas as regiões do país, a instituição contribui para ampliar a resiliência de milhares de famílias. E, ao levar essa pauta à COP30, reforça que o desenvolvimento sustentável só será completo quando integrar inclusão financeira, justiça climática e oportunidades reais de transformação.
Stéfano Mattei, coordenador de ESG na Credisol Microcrédito Brasil.
